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USO DA MELATONINA NA MELHORA DO ENVELHECIMENTO OVARIANO



A melatonina é um hormônio secretado pela glândula pineal, localizada na parte central do cérebro. Sua secreção é determinada pelo ciclo claro-escuro, ocorrendo maior liberação no período noturno, contribuindo para a indução e melhor qualidade do sono, além de desempenhar papéis importantes na regulação da temperatura corporal.


Além das funções exercidas sobre o sono, a melatonina tem fortes atividades antioxidantes e, por conta disto, pode combater os radicais livres, como espécies reativas de oxigênio. Os radicais livres desempenham um papel importante na função reprodutiva, incluindo o processo ovulatório. Entretanto, uma quantidade excessiva de radicais livres pode causar um efeito adverso nas células ovarianas por conta do estresse oxidativo, causando assim, infertilidade.

Outrossim, pesquisas observaram que a melatonina atua como uma molécula anti-envelhecimento por meio de suas ações antioxidantes e sua relação com as doenças do envelhecimento, como por exemplo, Alzheimer e doença de Parkinson. A melatonina, por ter receptores encontrados em vários órgãos, também pode reduzir o envelhecimento ovariano, sendo um fator importante a se observar nas mulheres.


Espécies reativas de oxigênio têm papéis importantes nos processos reprodutivos, como influenciar o crescimento folicular, maturação dos óvulos, ovulação, fertilização, implantação embrionária e desenvolvimento embrionário. Entretanto, quantidades excessivas destas substâncias causam toxicidade em relação às células. Como um mecanismo de defesa contra estas espécies reativas de oxigênio, existem enzimas antioxidantes presentes nos folículos e nos óvulos que os protegem do estresse oxidativo. Se um desequilíbrio entre as concentrações destas espécies e as atividades antioxidantes ocorrem, os óvulos e outras células podem ser danificados devido a este processo, o que resulta em má qualidade do óvulo.

A idade é o fator com maior efeito sobre a fertilidade, causando envelhecimento ovariano. O envelhecimento ovariano tem dois problemas principais, que incluem a redução do número de óvulos e a redução da qualidade destas células. Ao nascer, as mulheres possuem cerca de 1–2 milhões destas células em seus ovários. Contudo, não são produzidas novas células com o avanço da idade e muitas são continuamente perdidas.


À medida que as mulheres envelhecem, a qualidade dos óvulos também diminui. Eles são submetidos a vários tipos de danos ao longo de várias décadas. São observadas disfunções em organelas, como mitocôndrias e núcleos. Muitos destes mecanismos danosos são causados pelas espécies reativas de oxigênio.


A melatonina pode agir diretamente nos ovários. Grandes quantidades do hormônio são encontradas neste órgão, e aumentam em proporção ao crescimento folicular. Desde a ovulação, é percebido este aumento como um fenômeno que se assemelha à inflamação e, como um mecanismo de defesa contra espécies reativas de oxigênio geradas nos folículos, enzimas antioxidantes, incluindo a melatonina, protege os óvulos e outras células da região do dano oxidativo, protegendo as células e, assim, reduzindo o estresse de componentes celulares, incluindo o núcleo, mitocôndrias e membranas celulares.


Com base nessas informações, sugere-se que a melatonina, tanto a sintetizada localmente quanto a secretada no sangue pela glândula pineal, é captada pelos folículos ovarianos, onde reduz localmente as espécies reativas de oxigênio nos folículos e limita o estresse oxidativo, protegendo assim os óvulos e contribuindo para a maturação destas células.


Desta forma, a administração de melatonina pode melhorar a qualidade dos óvulos até a ovulação, além de melhorar a maturação do óvulo, fertilização e desenvolvimento embrionário. Ademais, é possível que a administração de melatonina para mulheres que sofrem de infertilidade aumente as concentrações foliculares de melatonina, inibindo o estresse oxidativo e melhorando a qualidade dos óvulos, melhorando assim, a fertilização e taxas de gravidez. Outrossim, a suplementação deste hormônio aumenta o número de óvulos maduros, a taxa de fertilização e o número de embriões de alta qualidade.


Por fim, a suplementação de melatonina pode se tornar um novo tratamento para melhorar a qualidade das células reprodutivas e beneficiar mulheres que sofrem de infertilidade.


Referências

TAMURA, Hiroshi et al. Importance of melatonin in assisted reproductive technology and ovarian aging. International journal of molecular sciences, v. 21, n. 3, p. 1135, 2020.

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