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Soja: vilã ou mocinha da fertilidade?

A relação do que comemos, com nossa capacidade reprodutiva sempre foi foco de curiosidade e estudos.


A soja vem sendo relacionada à infertilidade, isso porque esse alimento e seus derivados são fontes de fitoestrógenos. Esse composto não é gerado dentro do sistema endócrino, ou seja, é obtido através da ingestão. Devido à sua semelhança estrutural ao hormônio estrogênio , os fitoestrógenos podem se ligar ao receptor de estrogênio causando efeitos funcionalmente semelhantes ao estrogênio.


Por isso existe esse composto que pode ser uma possível ameaça à saúde pelos efeitos da desregulação hormonal endócrina que podem ser causadas, exercendo efeitos adversos na fertilidade masculina e feminina.


Estudos epidemiológicos feitos nos últimos cinquenta anos relatam um aumento na incidência de doenças reprodutivas em humanos. Esse rápido aumento de distúrbios reprodutivos sugere que fatores ambientais e de estilo de vida como a alimentação podem causar desregulação endócrina. Muitas substâncias são associadas à esses problemas: incluem compostos orgânicos, sintéticos, como pesticidas (por exemplo, metoxicloro, dicloro-difenil-tricloroetano, DDT), fungicidas (vinclozolin), agentes farmacêuticos , produtos químicos usados como solventes industriais ou lubrificantes e seus subprodutos, assim como plásticos (bisfenol A, BPA), plastificantes e etc.


Olhando para todos esse fatores, acaba esquecendo de dar a devida atenção aos desreguladores endócrinos derivados da soja.A exposição a altos níveis de fitoestrogênios, seja durante uma vida inteira de exposição ou durante um período crítico de desenvolvimento, também pode ter efeitos potencialmente prejudiciais na fertilidade e nas funções reprodutivas.


Um dos efeitos colaterais é a geração de problemas ginecológicos em mulheres. Descobriu-se que doses menores, mas ainda bastante altas de fitoestrógenos durante um período de 5 anos, aumentam a hiperplasia endometrial e também podem estar associadas a sangramento endometrial. Essas doenças , em caso de evolução, podem prejudicar a fertilidade.


Estudos realizados em mulheres ocidentais demonstram que mulheres que têm uma ingestão muito alta de fitoestrogênios possuem um risco maior de nunca ter engravidado e dado à luz a um filho vivo. Os resultados sugerem que quando a ingestão de fitoestrogênios excede aproximadamente 40 mg por dia, o risco geral de nunca engravidar aumentou 13% e o de dar à luz uma criança viva foi reduzido em aproximadamente 3%.


Os fitoestrogênios também podem alterar a maturação ou a capacidade dos espermatozóides. Foi demonstrado em estudos que a baixa concentração de um fitoestrogênio chamado genisteína (a uma concentração de 1, 10 e 100 n m ) causou uma acelerada perda em espermatozoides humanos in vitro.


Isso pode resultar em uma porcentagem maior da população de espermatozóides sem a capacidade de fertilizar um óvulo - espermatozóides previamente reagidos pelo acrossomo, que é uma estrutura presente na cabeça dos espermatozóides que possui função de auxiliar na penetração do espermatozóide no óvulo, podem perder a membrana plasmática na parte anterior da cabeça do espermatozóide se tornando incapazes de se ligar à zona pelúcida,que é uma membrana que rodeiam a membrana plasmática do oócito, um pré-requisito para uma fertilização bem-sucedida.


Um dos pontos importantes é que o Brasil é um dos maiores produtores globais de soja e como tal, além de exportar, é usado em praticamente todos os alimentos industrializados ,tanto a soja em natura como manufaturada em vários subprodutos, além do óleo vegetal de soja que domina as cozinhas brasileiras. E como compostos da soja, pode imitar o comportamento dos hormônios femininos como estrogênicos, pode agir como disruptores endócrinos, afetando a fertilidade femininas quanto masculina.


Referências:


Jacobsen BK, Jaceldo-Siegl K, Knutsen SF, Fan J, Oda K, Fraser GE. Soy isoflavone intake and the likelihood of ever becoming a mother: the Adventist Health Study-2. Int J Womens Health. 2014 Apr 5;6:377-84. doi: 10.2147/IJWH.S57137. PMID: 24741329; PMCID: PMC3982974


Patel S, Homaei A, Raju AB, Meher BR. Estrogen: The necessary evil for human health, and ways to tame it. Biomed Pharmacother. 2018 Jun;102:403-411. doi: 10.1016/j.biopha.2018.03.078. Epub 2018 Mar 22. PMID: 29573619.


Skoracka K, Eder P, Łykowska-Szuber L, Dobrowolska A, Krela-Kaźmierczak I. Dieta e fatores nutricionais em fatores subestimados da (In) fertilidade masculina. J Clin Med. 9 de maio de 2020; 9 (5): 1400. doi: 10.3390 / jcm9051400. PMID: 32397485; PMCID: PMC7291266.


Skoracka K, Eder P, Łykowska-Szuber L, Dobrowolska A, Krela-Kaźmierczak I. Diet and Nutritional Factors in Male (In)fertility-Underestimated Factors. J Clin Med. 2020 May 9;9(5):1400. doi: 10.3390/jcm9051400. PMID: 32397485; PMCID: PMC7291266.


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