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Carboidratos e Fertilidade: como a dieta e outros fatores de estilo de vida afetam a fertilidade.

Há evidências crescentes de que os hábitos alimentares podem ter um efeito significativo na fertilidade masculina e feminina. Tem se observado, em relação ao estilo de vida, que o acompanhamento de dietas desequilibradas em energia e nutrientes, sedentarismo, presença de estresse, consumo de tabaco e álcool, podem influenciar negativamente a fertilidade. Baixo peso e, em maior grau, sobrepeso e/ou obesidade, estão relacionados, também, ao risco de infertilidade.


A resistência à insulina é um importante mecanismo patogênico que pode prejudicar a ovulação, pois a hiperinsulinemia pode estar associada a irregularidade dos hormônios precursores dos hormônios sexuais femininos, resultando em um aumento do hormônio masculino, parada do amadurecimento dos folículos ovarianos e anovulação. A prevenção e o tratamento dos distúrbios da fertilidade em homens e mulheres devem considerar a abordagem nutricional, dada a sua importância na reprodução. Alguns estudos mostram que tanto o tipo quanto a quantidade de carboidratos podem afetar a fertilidade. Mostraram, também, que mulheres com diabetes e glicemia de jejum prejudicada tinham fecundidade mais baixa, no geral a relação entre a glicose em jejum e a fecundidade sugere que a fecundidade diminui com o aumento da glicose em jejum, mesmo dentro da faixa normal.


A insulina pode ser um importante determinante da função ovulatória e da fertilidade e como os carboidratos influenciam a demanda ou a sensibilidade à insulina, muitas evidências sugerem que o consumo de carboidratos pode influenciar na fertilidade.


A qualidade do carboidrato, incluindo carga glicêmica, ingestão de açúcares adicionados, ingestão de fibra e a proporção de carboidrato e fibra na dieta, são relacionados ao tempo de demora para engravidar. Mulheres que fazem ingestão de carboidratos com carga glicêmica alta, têm probabilidade 14% menor de engravidar do mulheres com consumo de alimentos com baixa carga glicêmica. Isso porque carboidratos com alto índice glicêmico estão associados a fatores que geram um maior risco de infertilidade ovulatória como a resistência à insulina, sobrepeso e obesidade por outro lado, carboidratos de baixo índice glicêmico estão associados a maior sensibilidade à insulina e melhor homeostase da glicose o que pode melhorar a função ovulatória e a fertilidade em mulheres. Por isso, casais que desejam engravidar devem ajustar a qualidade dos carboidratos na dieta.


Os carboidratos de baixo índice glicêmico são chamados de carboidratos complexos pois são alimentos ricos em nutrientes e fibras por isso levam mais tempo para serem quebrados e digeridos por nosso organismo, sem causar picos de glicoses, fornecendo níveis de energia que se mantêm ​​ao longo do dia e mantendo a saciedade por mais tempo. Nesse grupo entram os alimentos integrais; derivados de aveia como a farinha, o farelo e o grão; sementes como chia e linhaça; oleaginosas como as nozes e castanha de caju e as hortaliças como cenoura,brócolis, espinafre, abobrinha e couve-flor.


Um outro regulador da fertilidade é a leptina, um hormônio que pode interagir com o eixo reprodutivo em vários locais, com efeitos estimuladores no hipotálamo e hipófise e ações estimulatórias ou inibitórias nas gônadas. A leptina é regulada pela composição corporal e fatores dietéticos, como ingestão de energia e composição de macronutrientes, uma conexão precisa entre a ingestão nutricional e a fertilidade regulada pela leptina já foi confirmada. Casais com infertilidade devem melhorar seu estado nutricional por meio de nutrição adequada e atividade física. Além da ingestão adequada de carboidratos, devem fazer a ingestão de ácidos graxos monoinsaturados, derivados principalmente de gorduras vegetais, bem como evitar os isômeros trans de ácidos graxos insaturados que estão presentes em bolos e doces produzidos industrialmente, batatas fritas, fast-food, sopas em pó e margarinas, pode ser eficaz na prevenção da infertilidade em mulheres.


A ingestão suficiente de antioxidantes também promove melhoras nas funções reprodutivas femininas. Os processos de radicais livres desempenham um papel importante no desenvolvimento da infertilidade masculina. Foi demonstrado que a ingestão adequada ou a suplementação com antioxidantes podem ser eficazes na sua prevenção e tratamento. Nutrientes como zinco, selênio e ácido fólico atuam de forma benéfica na qualidade do esperma. Uma dieta bem balanceada tem um papel importante na prevenção da infertilidade em ambos os sexos.


Vários são os fatores associados à infertilidade como idade avançada, presença de alterações estruturais no aparelho reprodutor e doenças, poluição ambiental e estilo de vida. Por isso, a prevenção e o tratamento do comprometimento da fertilidade em mulheres e homens devem considerar a abordagem nutricional dada a sua importância na reprodução.

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