Café demais pode te atrapalhar a engravidar?
Os estudos sobre o consumo de cafeína e sua influência em desfechos da saúde reprodutiva, seja esta materna ou fetal, têm aumentado sobretudo na última década.
Alguns trabalhos mostram que uma ingestão de cafeína em torno de 100 mg /dia pode aumentar o risco de aborto, natimorto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e bebês pequenos para a idade gestacional (PIG). Os resultados da maioria dos estudos revisados reforçam que o consumo moderado de cafeína não influencia o crescimento fetal, porém destacam que grandes quantidades (acima de 600 mg/ dia) devem ser evitadas, enquanto que, para outros estudos, mesmo em doses acima de 300mg, a ingestão de cafeína não parece estar associada ao baixo peso ao nascer. Contudo, existem muitas limitações metodológicas e resultados controversos, e por isso não há recomendação para interromper o consumo de cafeína durante a gestação, apenas limitar a quantidade.
A cafeína é um alcalóide farmacologicamente ativo que atua como estimulante do sistema nervoso central e está presente em uma grande quantidade de alimentos e bebidas, como guaraná, refrigerantes à base de cola, cacau, chocolate, chás, remédios do tipo analgésicos, medicamentos contra gripe e inibidores de apetite, além, claro da bebida mais tradicional fonte de cafeína, o café.
Esse alcaloide é o estimulante mais comum atualmente, por ser barato e facilmente encontrado em alimentos e bebidas, o que contribui para seu elevado consumo.
No que diz respeito às gestantes, frequentemente, ocorre aversão aos produtos cafeinados, particularmente ao café, no primeiro trimestre de gestação, levando à interrupção ou redução do consumo de cafeína ao longo da gravidez. Essa aversão tem sido descrita devido à capacidade de irritar a mucosa gástrica que a cafeína apresenta, e como as gestantes durante o primeiro trimestre costumam apresentar náuseas e vômitos, o café costuma estar na lista de aversões das gestantes. Muitos sugerem que esse seja um mecanismo natural de proteção da gestação.
A ingestão de café parece não ter correlação com anormalidades do esperma. Já em relação à fertilidade feminina, o risco de infertilidade causada por doença tubária parece aumentar quando o consumo de cafeína é maior do que 233 mg / dia, e o risco de endometriose com consumo de cafeína superior a 167 mg / dia.
Apesar de alguns estudos apresentarem relação do consumo de cafeína com a infertilidade, de modo geral, a relação entre o consumo de cafeína e a infertilidade não é clara, e as conclusões dos estudos são também controversas.
Há limitações metodológicas na literatura atual disponível e por isso, a necessidade de mais estudos, para que seja possível determinar se o consumo de cafeína tem impacto na fertilidade de modo geral.
Sendo assim, é fundamental ter o acompanhamento de um profissional e optar por consumir o café de forma moderada, e assim evitar possíveis complicações para a saúde reprodutiva.
Referência:
Bu FL, Feng X, Yang XY, Ren J, Cao HJ. Relação entre ingestão de cafeína e infertilidade: uma revisão sistemática de estudos clínicos controlados. BMC Womens Health. 16 de junho de 2020; 20 (1): 125. doi: 10.1186 / s12905-020-00973-z. PMID: 32546170; PMCID: PMC7298863.